quinta-feira, 27 de novembro de 2008

2000 visitantes!


Chegamos hoje aos 2000 visitantes desde o dia 27 de Outubro! Com isto queremos então agradecer a quem nos visita todos os dias, a quem se junta a nós nesta incrivel viagem! Muito obrigada.


Estes dois dias foram marcados, graças a Helios (Deus do Sol, para quem não sabe) por muita praia. Helios resolveu passar uns dias em Florianópolis, embora não sabendo se ficará por cá ou não. Como boas anfitriãs fomos recebê-lo da melhor forma: nas areias da Praia Mole e da Joaquina. Porém Helio não veio sozinho e trouxe Neptuno consigo. Os dois juntos proporcionaram-nos dois dias de puro verão.





Ontem o dia começou cedo, com o Jacinto a bater a porta por volta das 10h. Apressamo-nos a apanhar o ônibus, pois estavamos receosas que a qualquer momento o tempo mudasse. Na lagoa um grande capacete de nuvens teimava em não desaparecer, mas, o cenário da praia Mole era diferente. Incrédulas, só fomos porque a Mercedes estava lá e nos garantia que estava óptimo. E tinha razão. Tal como nós não acreditámos, a maior parte das pessoas também não deveria achar possivel. Por isso, a praia estava quase deserta. Por lá ficamos quase todo o dia na companhia da Mercedes, Cláudia, Sandra, Jacinto e o Luciano. Quando umas nuvens ameaçaram aparecer, elas foram embora com medo da chuvas e nós mais o Luciano e o Jacinto fomos surfar para a Galheta. Contudo, só eu e o Luciano é que entramos. Diga-se que as ondas estavam fraquinhas mas, como se diz por cá, "valeu a caída"! Pela noite, fomos jantar fora e encontramo-nos depois todos no restaurante Mexicano. Como era quarta-feira, nada se passava, viemos para casa pois o dia de hoje prometia sol.





Acordamos bem cedo e fomos para a Joaquina. O sol estava meio escondido mas, mais tarde, aparecereu e muito forte. Deu para ficarmos com um bronzeado, e para apanhar umas ondas, que estavam muito boas!




Depois de uma hora de surf, almoçamos pela praia no bar do "portuga" que tem uns hamburgers que são de comer e chorar por mais! Bem cheios, foi tempo de nos deixarmos ficar ao sol e a descansar. Ainda pensamos ir ao surf outra vez mas...alguma preguiça e um vento que apareceu de repente, desmotivaram-nos. Regressamos então à Lagoa. Lanchamos pelo café Cultura, ida habitual ao supermercado e estavamos em casa de novo para jantar. Cozinhamos uma massa improvisada para poupar algum dinheiro, visto que, a noite iria ser cara. O destino foi o El Divino, no centro de Florianópolis. Era noite de Hip-Hop, fomos com o Jacinto, David e Helder. Escusado será dizer que encontramos muitas caras conhecidas, e que eles desapareceram após algum tempo! As habituais histórias que para nós ficam e muita diversão. Porém, acabou cedo e são agora 4h30. Vamos tentar dormir para que o dia amanhã ainda renda alguma coisa. O sono a esta altura já é muito, pelo que esta-nos a custar muito escrever!!! Hoje o texto é muito curto, mas prometemos para a próxima compensar.
Um grande beijinho
P.S - Convém dizer que me sentei ao lado desta camioneta por acaso..e a Teresinha registou este momento fantástico que não podemos deixar de partilhar! O que dizia na verdade era "Ruta Joven"!!!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Depois da tempestade... vem a bonança

Pois é, já lá vão 64 mortos. As chuvas estão a fazer muitos estragos por cá. Desalojados, feridos, mortos. Esta situação anormal, deve-se a coincidência do encontro de duas massas de ar: uma fria vinda do oceano e outra quente, formada no continente. Além disso, ventos intensos soprando do mar aumentaram a humidade das nuvens, que já estavam carregadas. Um sistema de baixa pressão também já causava mau tempo e intensificou as chuvas. Resumindo, o caos.
Nunca vimos chover tanto tempo e com tanta força. Formaram-se pequenos rios por todo o lado, onde quase que poderíamos andar de prancha e sair de casa tornou-se quase impossivel.
Mesmo assim sábado era dia de festa no P12 - Parador Internacional em Jurêrê.

Combinamos com as portuguesas (Mercedes, Joana, Cláudia, Nádia) e uns amigos brasileiros e lá fomos. A festa começava ás 15h e durava até as 22h. Um conceito que em Portugal não existe e que é muito melhor e muito mais saudável. Goza-se muito bem o dia e descansa-se, como é suposto, à noite. Ao chegarmos lá, ficamos boquiabertas com o espaço. Tudo em madeira, com sofás, puffs e toldos brancos e um grande piscina no centro. Tudo isto na beira da praia. Mais parecia que estavamos num daqueles videoclips da MTV filmados em Miami. Só foi pena não podermos gozar de tudo aquilo na totalidade devido ao mau tempo. A musica era boa, hip hop, e o ambiente muito bom. Tivemos a sorte de conhecer, mal chegamos, o organizador das festas e gerente que de imediato nos sentou na sua mesa reservada e nos encheu de champagne (que custava 390 reais a garrafa), frutas e comidas variadas. Um verdadeiro luxo! Sentimo-nos uma princesas num filme de Hollywood.


Tiramos muitas fotografias mas o azar apareceu quando menos esperavamos, pois roubaram-nos a máquina. As fotografias estavam lindas e sinceramente a perda foi mais pelo valor sentimental do que pelo valor material. Ainda causamos por lá o pânico, conseguindo por todos os seguranças e grande parte das pessoas à procura desse "ladrãozeco". Enfim...tristezas à parte a festa continuou com o show da rapper Negra Li, onde dançamos imenso até não podermos mais dos nossos pézinhos. Foi mesmo muito divertido e na próxima festa que será daqui a quinze dias lá estaremos!

Chegamos a casa muito cansadas e encharcadas. Tomamos um banho quente e dormimos.
O dia de domingo foi como se quer. Dormir até tarde, almoçar bem, filmes, violas...e adormecer na esperança que a tempestade cessasse.

Não cessou mas abrandou. O mar ainda se encontrava ressacado da tempestade e com ondas muito fortes e grandes, por isso fomos então para o centro. Um verdadeiro parque de diversões. Mercados e mercadinhos, lojas e lojinhas para todos os gostos e preços. Enquanto por lá passeavamos, não podiamos ignorar as constantes frases e ofertas: "Oi, posso ajudar?", "CD,DVD,DVD,CD", "guarda-chuva automático". Ouvimos estas frases pelo menos umas 50 vezes e escusado será dizer que viemos a repeti-las consecutivamente. Com tantas ofertas, foi impossivel recusar os guarda-chuvas. Depois de muito adiarmos e de muitas molhas, cedemos e compramos um. Não automático mas parece resistente.
Foi uma tarde diferente, e onde deixamos muitas coisas por comprar, porém, havemos de lá voltar!





Como se costuma dizer, depois da tempestade vem a bonança. Hoje foi isso mesmo que aconteceu.
Acordamos com o brilho do sol na janela, mais tarde do que o habitual. Como não estavamos à espera deste feito, tinhamo-nos deixado dormir. Vestimo-nos num ápice e rumamos à Barra da Lagoa.

As ondas estavam razoáveis e água muito quente! O sol estava forte o que nos fez ficar outra vez moreninhas. Almoçamos por lá na padaria de sempre, e pela tarde ficamos a aproveitar o calor. O Saulo também por lá andava a tirar fotografias aos alunos/turistas das escolas de surf. Ainda joguei um futebol com uns australianos muito simpáticos e fizemos uns mini amiguinhos que nos tratavam por "txia": "Txia me empresta sua prancha? Vô surfar muito!". Não resistimos aquelas carinhas de cãezinhos abandonados e deixamo-los brincar um pouco nas ondas. Devia ser a primeira vez que pegavam numa prancha pois andavam completamente à toa, o que nos fez rir sem parar.





No caminho de regresso a casa cruzamo-nos com uma criatura adorável. Um Pequinois amoroso!! Muito meigo e engraçado, ronronava enquanto lhe faziamos festas! Do tamanho de um coelho e muito bem tratado, deu-nos vontade de o levar connosco! Como isso não foi possivel tiramos algumas fotografias a esta coisa linda!

Passamos ainda pelo clássico da Barra: A verdureira do Zeca. Penso que nem precisa de explicações!

Já em casa, enquanto a Teresinha se preparava para a aula de Sushi, recebi um telefonema surpresa do Nuno Jacinto: "Maria? Estou em Florianópolis!!". Nem quis acreditar. Encontramo-nos aqui no centrinho e tratei de o ambientar. Depois de algumas voltas, fomos ter com a Teresinha, a Mercedes e o Sushiman Leo. Qual não a minha surpresa quando por lá entrei e me deparo com elas de Kimono e fita japonesa na cabeça! Estavam lindas!! Com muita pena nossa, não levavamos a máquina, mas na próxima aula não falha! O sushi e o sashimi ficaram deliciosos, comprovados também pelo Jacinto, o João e o professor!

Posto isto, fomos todos juntos jantar a uma pizzaria ao ar livre e seguimos para casa da Mercedes e do João (e dos outros lisboetas da ilha). Por lá ficamos à conversa até há pouco. Vamos agora dormir porque amanhã vamos todos juntos para a praia, isto claro, se o bom tempo se mantiver!

Amanhã vai ser o famoso jantar das perdizes da Rose Marie, que vai juntar as nossas familias e com certeza fazer a festa do Skype! Estamos em ânsias!!

Um beijinho para todos e obrigada pelos comentários que nos alegram o dia!

domingo, 23 de novembro de 2008

Insónia...

São exactamente 3h30 da manhã e estou com uma insónia gigante. A Teresinha dorme ao meu lado. Sem grandes alternativas, resolvi tentar partilhar com vocês alguns dos pensamentos que ocupam por agora a minha cabeça. Faz hoje um mês que aqui chegamos e falta menos de outro para irmos embora. Custa-me pensar em partir, em regressar ao mundo real. Aqui sinto-me eu própria. Sei que faço tudo o que me apetece sem me preocupar com nada. Se quiser dançar da maneira mais estúpida, eu danço. Se eu me quiser vestir da maneira mais ridícula, eu visto. Se quiser cantar no meio da rua eu canto. Ninguém me vai apontar o dedo. Ninguém se vai rir de mim. Quanto muito dançam, riem, cantam comigo. Aqui as pessoas estão bem com elas próprias, não vivem invejando os outros. É uma sensação que não tenho por aí.

A felicidade está aqui. Vive-se sorrisos, inspira-se alegria. É raro encontrar alguém de cara fechada, e muitas vezes, as suas vidas são muito duras. Sem ter o que comer, ou trabalhando de sol a sol. Mesmo assim, conseguem estar sempre bem. Segundo eles, temos duas hipóteses de levar a vida: sorrindo e pensando que tudo vai correr da melhor forma, ou pensando negativo e atraindo todo o mal para nós. Eles escolhem a primeira. Não sei porquê as pessoas por aí não se conseguem aperceber disso e vivem a lamentar-se, e de mal com a vida. É tudo tão mais bonito quando se sorri.

Gostava por vezes de tentar transmitir, que estar infeliz e fazer os outros infelizes, em nada vai ajudar. Não sei se me faço entender, mas é mesmo diferente por cá. Homens e mulheres elogiam-te, no meio da rua dizem “parabéns, você é linda”, ou mesmo um “espero que seja muito feliz” e até um “tenha um dia perfeito”. São gestos tão simples mas que mudam o dia de alguém.

Enfim…nem sei porque estou a falar disto, mas foi o que me veio à cabeça. E também comecei a pensar no regresso…queria poder parar o tempo, adiar a ida embora. Claro que tenho muitas saudades, da minha família, dos meus amigos, do meu cantinho. No entanto, sei que quando aí chego são desilusões, com atitudes más, e que só visam prejudicar o próximo. Sinceramente não entendo. Foi um desabafo. Convém salientar que estive a ver um programa emocionante sobre como pequenos gestos mudam a vida das pessoas. Talvez tenha sido isso que despertou o meu lado mais sensível, e que fez pensar em como é bom fazer os outros felizes.

Talvez seja até a quadra natalícia que me deixou assim, sei lá. Hoje em dia, ninguém pára para pensar. Ninguém pára antes de fazer mal ao outro. Ninguém pára para praticar o bem. Ninguém pára para dizer “gosto de ti”. É a época da imagem, do consumismo, da correria, das loucuras. Já ninguém dá mais valor à família, à saúde, ao amor. Ao que realmente importa.

Posto isto, o bichinho do sono parece que está a querer pronunciar-se. Antes que este se intimide e vá embora, despeço-me muito pensativa e pedindo-vos para que pensem nisto também.

Um beijinho,
Maria

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

É dia e noite..

A chuva chegou e parece não querer partir. Chove dia e noite e de uma forma tão intensa que ás vezes assusta.
Terça-feira o dia estava encoberto mas as previsões apontavam para boas ondas. As saudades do surf eram muitas e a vontade de entrar de novo na água incontrolável. De manhã, e ainda com os horários trocados, deixamo-nos dormir até mais tarde. Apanhamos o ônibus para a Barra da Lagoa e por lá almoçamos na mesma padaria de sempre. Almoço rápido pois a ansiedade era muita. 2h de pura diversão e muito alegria foi o resultado. Como sentimos falta de tudo aquilo! A água estava boa e as ondas diriamos que quase perfeitas. Estava toda a gente muito feliz e o ambiente dentro de água era simplesmente harmonioso. Risos, conversas, incentivos..enfim, são estas tardes que nos fazem sair da água com um sorriso gigante e uma sensação maravilhosa.

Já de regresso a casa não se falava de outra coisa senão do jogo Brasil x Portugal. As apostas eram muitas e a grande rivalidade Cristiano Ronaldo e Cácá o assunto do momento. Os portugueses iriam todos para o Querubim e nós, claro que também. Ao chegarmos lá, a claque portuguesa preenchia quase todo o restaurante! Várias caras conhecidas e muitas piadas sobre Portugal. Os cânticos soavam, mais ou menos assim:"Au au au, vai pegar o bacalhau e Cristiano Ronaldo é homosexual". Começamos o jogo bem confiantes com o primeiro golo, no entanto, tudo isso desapareceu após a primeira meia hora. Mas, nem por isso o ambiente deixou de ser de festa. Apesar do resultado(6-2), foi tudo muito divertido.


No dia seguinte, grande desilusão. A chuva era imensa. Depois de alguns telefonemas para saber o estado do mar, foi-nos dito que era melhor esquecer - No surf today. Posto isto...Shopping! Sim, fomos lá parar mais uma vez. O objectivo inicial era ir ao cinema. Contudo, os horários não eram compatíveis e acabamos por nos deixar ficar pelas lojas. Ao menos, desta vez, a tarde teve um final mais feliz, pois tinhamos feito algumas compras! Foi irresistível!
Passamos quase todo o dia por lá, quando saímos já se fazia noite. A maratona de compras deixou-nos de rastos pelo que ficamos a ver um filme.

Hoje, acordamos de novo com a mesma desilusão. Mas o que é isto? Não queríamos acreditar mais uma vez. O que nos vale é a nossa boa disposição e a grande capacidade de dar a volta por cima senão...já tinhamos apanhado um avião para as Maldivas. Claro que temos a esperança que a qualquer momento isto mude, e segundo os locais, já não era para tar assim. Ninguém entende o que se passa...nem nós! Mas por favor, que venha o sol rapidamente!
Aceitando o nosso infiel destino, tentamos ir surfar. Sem êxito. Continuava um mar de tempestade e sentia-se um vento que desanimava até o mais corajoso dos surfistas.

Foi nestes instantes se observação do mar que descobrimos os famosos "Brechós". Estes são lojas de roupa usada e muuuiiiito barata! Claro que se encontra por lá peças muito vintage. Calças à boca de sino, coletes e casacos de ganga, tops muito curtos, etc. Porém, fez as delicias da nossa tarde. Em busca dos brechós perdidos, descobrimos todos os da Lagoa e não só. No meio de pó e de vários cheiros misturados, encontramos algumas roupas que nos chamaram a atenção.



Outra loja que não conseguimos resistir foi de chapéus. Ficamos cerca de 40 minutos por lá a exprimentar todos os que haviam. Bonés, cowboy, marinheiro, aviador, michael jackson, pescador..and so on. Existiam chapéus para todo o gosto. Esta jornada contou com o apoio moral do Saulo que com toda a paciência assistia ao desfile.







Posto isto, e sem hipótese alguma de surfar, apanhamos o autocarro de volta para casa. No caminho para casa tivemos uma bela surpresa. Com o trânsito parado, um placar chamou a minha atenção: "Teresinha, aquele não é o Bruno??" - "Achas Maria, o Bruno aqui?!" Era mesmo!!Inédito! Aqui fica a fotografia do placar que se encontra em grande destaque, bem perto da Avenida das Rendeiras! Para verem o sucesso que os portugueses fazem no Brasil.

A ida ao supermercado revelou-se uma grande aventura. Por entre cascatas que mais pareciam as do Iguaçu e rios que faziam lembrar as cheias de Portugal, lá chegamos ao "Chico", completamente ensopadas. Recebidas com o clássico "Oláaaa, minha amiga consumidora" e com muitos risos devido ao nosso estado critico compramos o delicioso jantar: Pizza! Restabelecidas do choque, arranjamo-nos para irmos à Inauguração de uma nova "nighty" aqui no centrinho. Apesar de ainda ser meia-noite quando lá chegamos, já fomos tarde. Tinha havido Sushi e bebidas para todos com convite: eramos nós. Ficamos logo amigas do Sushiman e imaginem que a Teresinha vai começar as aulas de "Como fazer sushi" na próxima terça-feira. Digo isto com pouco entusiasmo da minha parte, porque não gosto muito, aliás nem um pouco. Mas ficou um desafio no ar, será que ele me vai fazer mudar de ideias? Vamos esperar para ver. Em breve poderão ver deliosos temakis e nigiris, resultado da aprendizagem! A noite foi bem tranquila.

Vamos agora dormir tendo como musica de embalar, a chuva que cai sem parar!

Um beijinho e esperamos que para a próxima com mais e melhores novidades.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O paraíso de facto existe..e nós estivemos lá


Ao fim de catorze longas horas depois vimos aparecer o terminal rodoviário da Foz de Iguaçu. Foi-nos dito que a camioneta era semi-leito. Mas afinal o que é era isso? O nome sonante, fez-nos pensar que sería no minímo algo cómodo e confortável, pelo menos que desse para dormir. Foi com algum espanto que nos deparamos com uma camioneta básica, em que os bancos inclinam um pouco para trás. Foi muito dificil adormecer, por sorte, havia muitos bancos vazios o que nos permitiu ficar uma em cada dois.

O cansaço e o sono desmedidos fez-nos ir directas para a lanchonete. Pequeno-almoço era urgente, pois haviam já sinais de fraqueza. Foi tempo de fazermos o pedido e começar a comer, para se instalar o pânico. Comecei a ver tudo branco, suores frios e, lentamente, a perder os sentidos. A Teresinha foi de imediato buscar água com açúcar e dois estrangeiros deitaram-me no chão, levantando-me as pernas. No entanto, mesmo com todo o aparato, as meninas do bar agiam como se nada fosse. Fiquei deitada uns tempos no chão até que chegou a ambulância. Fomos directas para o Hospital ouvindo as constantes declarações da paramédica via rádio: "Jovem, 23 anos, hipotensa e indíce glicémico muito baixo"! Embora sentindo-me muito fraca a sensação de desmaio parecia ter desaparecido. Após uma conversa com a doutora, fui posta a soro durante 20 minutos, enquanto a Teresinha esperava ansiosa na sala de espera. Foi-lhe dito que teriamos de ficar por lá o dia todo para fazer exames. Será que as cataratas iríam ter de esperar? Foi com algum alívio que ouvi um "está liberada". Corri de imediato para junto da Teresinha para lhe dar a boa nova. Apesar de ser costume ter estas coisas, valeu para o susto!

Sem a boleia da ambulância tivemos de procurar maneira de chegar ao Paudimar Hostel, onde ficaríamos hospedadas. No meio do centro da cidade sentimo-nos completamente desorientadas e só um táxi nos poderia salvar. Alguns minutos depois, estavamos finalmente no tal lugar.



Grande coincidência. Ao abrirmos a porta, deparamo-nos com um rapaz do Porto que conhecíamos! Estava de saída mas deu tempo para grande festa, abraços e conselhos rápidos. O que visitar , o que fazer, etc. Estupedactas dirigimo-nos para a recepção. Fomos recebidas por um simpático senhor de cabelos brancos e muito brincalhão. Tio Luiz, como gostava de ser chamado era o guia turístico do Hostel. Falava sete línguas e tinha o mesmo discurso para todos os viajantes. Tinha uma grande ligação ao Porto, o que fez com que se criasse grande empatia entre nós e até uma amizade. Bastou umas horas para andar connosco de um lado para o outro de mãos dadas, a apresentar-nos como as suas "nénéns".



Feitas apresentações acomodaram-nos num quarto com três beliches, dos quais só um estava ocupado por duas australianas. Descansamos um pouco, tomamos banho e fomos conhecer o lado brasileiro das cataratas.

Apanhamos o autocarro depois de abastecidas no Macdonalds. Foi a unica opção visto que era Domingo e a cidade estava completamente deserta. Os autocarros eram muito estranhos, só tinham um lugar de cada lado e o resto era uma área livre para os passageiros irem em pé. Bastante desconfortável.

Vinte minutos depois, chegavamos ao Parque Nacional Iguaçu - Brasil. Sentimo-nos logo injustiçadas pois os turístas pagavam quase o dobro que os cidadãos nacionais.

Fomos levadas por uma camioneta até uma linda trilha onde iríamos a pé. Fizemos o primeiro percurso muito ansiosas. O barulho já se ouvia - estavamos perto. Ficamos sem palavras.




Por mais que queiramos descrever tudo aquilo, não existe maneira de o fazer. Parecia irreal. Já vimos coisas muito bonitas durante a nossa curta vida, mas algo que não fosse obra do Homem e que fosse tão grandioso, foi a primeira vez. Ficamos alguns momentos caladas a contemplar tudo aquilo. Estavamos radiantes e a concretizar um sonho.


A volta ao parque durou cerca de duas horas, sempre a pé e passando por locais cada vez mais incrivéis. O tempo estava encoberto mas mesmo assim não desvalorizou a beleza natural e mágica daquele lugar. No final ficamos mesmo ao lado da catarata. A força das águas é brutal. Como é óbvio saímos encharcadas mas com um grande sorriso na cara.




Regressamos ao hostel felizes. Por lá, tudo se passava. Convívios na sala de estar, internet, piscina, sala de jogos, campo de vólei, etc. Tinha bastante gente, de todo o mundo, viajantes solitários ou em grupo. Devido ao facto de a data de entrada ter coincidido, formamos um grupo constituido por o Carlos (espanhol), Luigi (italiano), Crake (inglês), três austríacos e a Elizabeth (EUA). Todos muito simpáticos, era com eles que iríamos visitar o lado Argentino das cataratas no dia seguinte. Fomos jantar todos e o anfitrião Tio Luiz, uma deliciosa picanha que nos fez recuperar todas as forças perdidas.

O cansaço era muito e fomos dormir. No dia seguinte teríamos de estar as 8h30 no café da manhã.


Grande agitação logo pela manhã. Passaportes, mochilas, mantimentos. Só regressaríamos ás 17h, tinhamos de ir preparadas para tudo. A comida dentro do parque, mais parecia um assalto. Completamente sem noções, pagamos por uma sanduiche o mesmo que pagamos pelo jantar do dia anterior. Fomos todo o grupo numa mini van até à Argentina. A viagem foi rápida, o que demorou foi mesmo o tempo na fronteira, com toda a burocracia habitual.
A entrada deste parque era mais cara, e em vez da camioneta fomos guiadas num comboinho muito giro que parava em várias estações.

A primeira era a famosa "Gargante do Diabo". Já a tinhamos visto no dia anterior, mas foi uma vista diferente. Esta era de cima e ainda mais bonita que outra. Se tinhamos ficado maravilhadas com o que vimos no lado brasileiro, aqui...a beleza conseguiu superar tudo. Só mesmo as fotografias para vos tentar transmitir um pouco daquilo que encantou os nossos olhos. O percurso era enorme com vários recantos e miradouros. Cada um com encanto muito próprio. Escusado será dizer que tiramos milhares de fotografias. Porém, apesar de estarem lindas ficam longe da verdadeira realidade. Se querem sentir o que sentimos e ver o que tentamos descrever só mesmo indo lá.





Havia um passeio de barco, o qual recusamos, por medo e por ser excessivamente caro. Eram dez minutos, onde se ficava muito perto da queda de água.



Foi com este cenário idílico que nos pusemos a filosofar sobre se de facto sería assim o paraíso. Chegamos a conclusão que se não fosse ali, era com certeza num local muito similar.


Regressamos pensativas e realizadas, mas com uma camioneta para apanhar de volta a Florianópolis. Correrias e despedidas, e estavamos de novo na viagem dolorosa. Desta vez, durou mais do que 14 horas e fomos bem mais desconfortáveis do que ida. Todos os lugares iam ocupados o que fez com que só nos restasse um pequeno assento. Enfim...tudo valeu a pena e faríamos de novo se fosse possível. Deixamos um conselho a todos aqueles que nos lêem: se tiverem oportunidade, não deixem de visitar as caratas do Iguaçu.

O dia de hoje, estava cinzento mas também condizia com o nosso cansaço.

Um grande beijinho, esperemos que gostem das fotografias e que consigam sentir um bocadinho da paz e da magia que se viveu por lá.

 

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