Um outro mundo no Brasil

Sim, existe outro mundo no Brasil e que para era nós complemente desconhecido. Jurêre Internacional. Norte da Ilha e um bairro à margem de tudo o resto. Diz-se que é o sítio mais caro deste país e por onde desfilam os grandes milionários. Cada casa custa cerca de 1 milhão de euros e, com tendência a subir quando mais próximas da praia estiverem. Parece um lugar saído de um filme. Jardins impecáveis, passeios onde parece que nunca passou ningém e nem um papel no chão. As casas são todas enormes e existe uma equipa de segurança permanente nas ruas. Se tivessemos que escolher um sítio para viver por cá, sería com certeza este. Não há qualquer perigo, mesmo à noite. Pode-se andar livremente sem preocupações. A paisagem é muito similar a Vale do Lobo, o que nos faz esquecer que estamos no Brasil. E como fomos nós lá parar?

Aniversário do Tio Nuno, de quem já tinhamos falardo anteriormente. Ele mora por lá e convidou-nospara passar lá o fim de semana. Contudo, só chegamos no sábado a noite.

O dia de sábado começou bem cedo. Sete e meia da manhã já estavamos despertas. Segundo as previsões estaria um dia de verão até ao meio-dia, daí que, quisemos aproveitar. Saímos maravilhadas com o calor que se fazia sentir já áquela hora. Apanhamos o autocarro bem artilhadas de pranchas, fatos e toalhas e seguimos,mais uma vez, para a praia Mole. A praia já estava cheia e tinha umas ondas, no entanto, tinha também muita gente. Por isso, seguimos para a Galheta.Depois de muito andarmos, deparamo-nos com umas ondas perfeitas, tal como podem ver na fotografia.

Não queríamos acreditar. Vestimos os fatos rapidamente e, quando nos preparavamos para entrar fomos abordadas por uma criançinha adorável de cabelos muito compridos loiros de seu nome Natan. Perguntava, com aquele sotaque irrestível,se queriamos que guardasse as nossas coisas junto com as dele. Dissemos que sim e foi aí o começo de uma amizade com estes encantadores locais. Durante a surfada, conhecemos os outros membros do grupo, Luan e Binho. De idades entre os 9 e os 16 tinham um surf de deixar qualquer um boquiaberto. Foi uma surfada bastante engraçada pois fomos ganhando confiança e puxando uns pelos outros. Já a Teresinha não teve muita sorte, pois no inside (parte do mar mais perto da areia) estava muita corrente e muito díficil. Mesmo assim não se deixou ficar.

Já Á saída e com muito frio, visto que, as nuvens começavam a aparecer, juntamo-nos todos entre as dunas. Vestimo-nos e por ali ficamos, um bom bocado, sabendo mais sobre eles. Moravam na Fortaleza e faziam surf todos os dias ás 6h30 da manhã. No regresso a casa, fomos guiadas por eles por um novo caminho, alternativa ao nosso habitual. Uma trilha por trás do morro da Galheta, por sinal muito díficil de percorrer. Pedras, subidas muito íngrimes, lama e vegetação. Mas, valeu a pena. A vista era incrível e a companhia fantástica. Doces, divertidos e muito prestáveis, até se ofereceram para levar as nossas pranchas! Uns queridos, mas claro que não deixamos.Chegada a hora da separação, desafiaram-nos para uma partida de snooker, que ficou para domingo á noite.

Posto isto, rumamos mais uma vez esfomeadas para o restaurante a peso. Almoçamos alarvemente com direito a um buffet de gelados de sobremesa. Aqui, não dá para controlar. Tudo é uma verdadeira tentação. Gelados, brigadeiros, bolos, leite condensado, batidos, and so on. Garantimo-vos que é muito difícil dizer que não. Seguidamente e com uma enorme sensação de fartura, fomos dormir a sesta pois estávamos estouradas.

Após termos rejuvenescido decidimos ir para o café mais in da Lagoa jogar ás cartas. Mal sabíamos o que nos esperava. Enquanto jogavamos fomos abordadas por dois homens. Sim, dois homens com idades rondando os cinquenta e muitos.Um deles, tinhamos a certeza ser actor. Esse era o mais discreto. Com os seus óculos de sol, mantinha-se um pouco afastado. Já o amigo...dançava, cantava e contava-nos histórias sem fim. Desde a Maria Eduarda que era a filha, à vizinha Teresinha com a qual dançava, passando pela sua carreira de futebolísta. "Fui um jogador e tanto e joguei muitos anos num clube no Chile". Foi à volta de meia hora de conversa. Todo o café reparava nele e nós não conseguíamos parar de rir, surreal! A certa altura começou a ser de mais e resolvemos ir embora, enquanto ele estava distraído. Ao sair, e para não perdermos o ritmo do riso, demos de cara com um rapaz muito peculiar que vendia anéis. Até aí, nada de anormal, não tivesse ele uns trejeitos femininos muito acentuados. "Óieee tudo beeeeem?, conseguiu repetir esta frase pelo menos umas seis vezes acompanhado, claro está, por gestos muito engraçados. Não conseguímos descrever o que se passou a seguir, só a sua frase final: "que se danem os homens".

Enfim em casa, já nos doía a barriga de tanto rir. Foi tempo de tomar banho e de nos arranjarmos, para estarmos de volta ao café cultura, a fim de esperar a boleia do amigo do Tio Nuno para Jurêre. A viagem durou aproximadamente vinte minutos, que passaram a correr, pois viemos embaladas pelas suas histórias de vida. Chegadas a festa, queijinhos, tostinhas,champagne e amigos. Acabamos por por dormir por lá, visto que já era tarde para voltar e era forma de também conhecermos essa parte da ilha.
O dia de hoje começou com muita chuva e uma visita guiada pelo bairro. Em seguida fomos almoçar com os amigos do Tio Nuno ao Clube de Golf do Costão do Santinho, o único da ilha. Comeu-se lindamente e por lá se ficou a conversar. Típico domingo. À noite tínhamos a partida de bilhar com os nossos mini amiguinhos mas atrasamo-nos tanto que eles foram embora e jogamos uma com a outra.

E assim se vão passando por cá os dias!

Um grande beijinho para todos, já com algumas saudades!