Pois é, faz muito tempo que já não andavamos por aqui. No entanto não pensem que se livram tão facilmente de nõs!
Depois deste ultimo post, rumamos para o Rio de Janeiro. Ao recordar esse ultimo dia, tenho a sensação de já o ter vivido há muito tempo atrás.
Chegamos ao Aeroporto Internacional António Carlos Jobim por volta do 12h30. Qual não a nossa surpresa quando ao chegar tudo estava ás escuras. Não se via rigorosamente nada! Houve um problema e toda a electricidade foi cortada. As pessoas reclamavam, os velhinhos mal se deslocavam, os tapetes das malas estavam parados e as unicas luzes que se viam eram as dos telemoveis. Instalou-se rapidamente o pânico e foi-nos dito por uma hospedeira, cuja cara nem conseguiamos ver, que iria demorar algum tempo até se restaurar a normalidade.
Por sorte, as nossas malas iriam directas para Portugal por isso nem nos tivemos que preocupar.
Deixamos toda aquela confusão e fomos procurar o Felipe.
A minha história com o Felipe é muito engraçada. Conhecemo-nos à noite no Bazaar. Ele achou que eu tinha cara de surfista e veio falar comigo perguntando se eu surfava. Houve uma empatia entre nós e rapidamente ficamos amigos. Por fim, chegamos à conclusão que, por coincidência, iríamos participar do mesmo campeonato de surf! Depois dessa noite nunca mais nos vimos. Foi então que, estando eu no Dromedário em Sagres a admirar uns "bailarinos" que se exibiam em cima do balcão, olho para o lado e deparo-me com o Felipe, que me disse com um ar meio envergonhado: "são meus amigos!!". Rimos muito, e ficamos admirados com a coincidência de nos encontrarmos ali. Os dias seguintes foram passados na Ponta Ruiva e entre muitas surfadas e conversas a amizade foi se enraizando. Viemos juntos para o Porto numa viagem muito louca.
Voltando ao Rio de Janeiro, depois de encontrarmos o Felipe no meio da escuridão e de irmos ao quarto de banho (tarefa muito díficil, visto que era completamente ás escuras), fomos conhecer o Rio em quatro horas.
O aeroporto ainda era longe de tudo e com o trãnsito tudo ficou mais dificil. Primeira paragem: Pão-de-açucar.
O tempo está nublado mas mesmo assim a beleza daquela cidade deixou-nos boquiabertas. Encontramos várias semelhanças com a arquitectonica portuguesa e ficamos sensibilizadas com a pobreza que se vivia por lá. Nos semáforos havia sempre alguém a vender qualquer coisa ou a fazer alguma habilidade, assim como nas filas de trânsito. As favelas gigantes, davam um toque muito pessoal à cidade, muito embora, triste. Apercebemo-nos então que Floripa é de facto um mundo à parte.
Ao chegarmos ao Pão de Açucar, não queríamos acreditar...45 reais para subir! Que abuso! Estavamos lisas. Fim de viagem levou-nos ao desvario e nem nos lembramos que tinhamos que guardar algum dinheiro para isto. O Felipe ainda se ofereceu para nos emprestar, mas achamos melhor não. O tempo da subida e descida era de quase 2h. Não nos ia restar tempo para mais nada. Como o tempo não estava bom o ideal para ver a vista optamos por conhecer mais um pouco da cidade maravilhosa.
Passear no calçadão, beber água de côco. Ipanema, Copacabana. Sentiamo-nos nas novelas da Globo, com um pequeno senão..o perigo dos assaltos. Tinhamos de estar sempre alerta e nada de andar com ares de turistas. Posto isto e cada vez com menos tempo, fomos almoçar a um restaurante perto da PUC, umas das universidades melhores do Brasil. Enorme! Almoçamos um PF - tradução - prato feito maravilhoso! Estavamos esfomeados, comemos como se não houvesse amanhã e a um ritmo incrivel. Saimos rapidamente e ao olharmos para as horas chegamos á conclusão que não dava para mais nada. O medo de apanharmos trânsito e de perder o avião falou mais alto fomos para o aeroporto.
Check-in feito, siga para as compras gastar os ultimos reais nas lojas tipicas dos aeroportos. Chocolates, bolachas, presentes de ultima horas, enfim, de tudo um pouco. O Felipe com muita paciência lá nos aturou de um lado para o outro sempre com as suas gracinhas! Obrigada por tudo Felipe! Foi tudo muito rápido mas valeu a pena.
21h estavamos de novo dentro do avião já com uma hora e meia de atraso. Esperava-nos uma viagem de nove horas e muitos filmes.
O cansaço acumulado e a tristeza de partir fez-nos adormecer mais depressa do que esperavamos. Quando acordamos, apenas faltavam quarenta minutos para a chegada! Passou a voar! Já mais perto e ouvindo atentas a voz do comandante, julgamos escutar: "temperatura exterior 3 graus". Olhamos uma para a outra e perguntamos quase em simultaneo: "Ouvimos bem? Que gelo!!!" Não tinhamos noção sequer do que era esse tipo de frio. De top e com muita tralha saímos da tipica porta que me faz sempre lembrar aqueles concursos onde o concorrente surge de uma porta e está tudo a espera! Os nossos pais e os meus avós e a Rosa Maria correram a abraçar-nos. Berros, beijos, abraços. "Finalmente!!Sãs e salvas!!" - exclamavam eles.
Estavamos de novo nos seus braços, onde nos sentem seguras.
As chegadas são sempre muito parecidas. Ouve-se aquele constante "conta conta" e contam-se então as histórias pela milésima vez. Reencontrar amigos, dormir na nossa caminha, ver televisão portuguesa, tomar o nosso leite. Coisas do dia-a-dia que normalmente não damos valor mas que adquirem um sabor especial nestas alturas.
Passou-se o Natal e estavamos de novo na estrada. É verdade, ninguém nos pára! Destino: Sagres! A nossa aldeia. Uma paragem em Lisboa e lá estavamos nós de volta aquela que nos acolheu durante os longos dias de Verão. Como sentimos falta de tudo aquilo...! Do restaurante, das pessoas, das prais, das ondas, dos bares, das loucuras, do cheiro tão tipico que nos prende de uma forma que não sei explicar. Como é bom estar de volta aquele lugar..repleto de boas recordações e de sentimentos que permanecerão a vida toda. Marcaram uma época, uma fase tão boa das nossas vidas. Fase onde crescemos, aprendemos e vivemos.
Enfim...cá estou agora na cama. Com uma botija e um edredon de penas recordo tudo o que passei. Visitar o blog leva-me de volta..e como queria estar de volta.
Hoje surfei a primeira vez no Porto...o frio era tanto que nem conseguia falar. Os pés e as mãos não tinham circulação e a cabeça doia-me...perguntava-me constantemente..o que é isto? O que faço eu aqui? Sem explicação..Contudo, sei que tudo tem de acabar um dia e que o tempo apaga tudo. Vai apagar como me sinto agora... com uma vontade inexplicável de regressar.
P.S- Queremos agradecer ao Tiago pelas palavras tão bonitas que nos deixou, e por dar um toque especial a este blog. Obrigada por tudo. É bom saber que conseguiamos tornar o teu dia melhor, na verdade também tornavas o nosso! Um bom ano para ti e muito obrigada!
4 comentários:
Ponta Ruiva...que praia tão bela...que saudades...bons tempos...a companhia não podia ser melhor...só tem um problema...o tubarão...
“(…)Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calada assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De viver longe de mim
Não quero mais esse negócio
De você viver assim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim...(…)”
(Chega de saudade/Tom Jobim)
“(…)e hoje eu descobri
quanto eu te quero
ursinho de dormir
vem que eu te espero assim
e eu hei de conquistar
teu coração durão demais
que não quis pagar pra ver
nem dar o braço a torcer
eu vou te levar pro mar
nas pedras eu vou te amar
e ao ver o sol se pôr
eu vou te matar de amor
eu vou te levar pro céu
pra onde vc quiser
eu tenho um beck pra depois
pra brindar o infinito de nós dois, de nós dois...(…)”
(ursinho de dormir/Armandinho)
Que coisa boa teres aparecido.
Maria, eu que te agradeço, o que disse repito, pois o que disse é apenas aquilo que sinto e penso. Espero sinceramente, e principalmente por não ter outra forma de vos encontrar, que eu espero, que voltes aqui muitas e muitas vezes, embora eu já vi que tens o outro blog, sempre já são dois sítios onde te procurar, a não ser que me digas outra forma.
Muito obrigado pelas tuas palavras, eu como sempre falei ou escrevi, fui, sou e sempre serei um figurante nesta história, quem sabe o dia de amanhã, mas apenas um figurante, obrigado pelas tuas palavras, obrigado do fundo do coração às duas personagens principais.
Podes ficar certa que realmente tornaste os meus dias muito melhores e se por um acaso eu consegui fazer algo, nem que fosse apenas parecido com isto às duas, deixas-me muito feliz, pois não tinha forma melhor de vos agradecer se não poder dar algo de bom a quem merece.
Não sei se fui adoptado, mas sem duvida que os adoptei todos!!
os dias têm sido bem corridos e eu prometo voltar aqui depois, hoje como sempre ou muitas vezes às sextas-feiras deixo aqui a capital e vou até Milfontes, depois vem o fim de semana, quem sabe então se no domingo à noite eu consigo entrar e falar mais alguma coisa, porque depois, ihh depois vou para o Porto, Bragra, Guimarães e terça-feira já aqui estou de volta a Lisboa, e então é quarta-feira para entrar só no meio das corridas do escritório, no meio de telefonemas, reuniões conversas...enfim o nomal.
Mas eu entro depois, até para comentar a chegada e tudo o resto não esquecendo o Rio...ahh o Rio...Maria, o Rio é como Caetano diz..”O Rio de Janeiro continua lindooo”
Cidade maravilhosa de encantos mil...muito bom...muito bom mesmo e tens de pular de asa delta..é simplemsnete fantásticoooo. (bem se a tua mãe me ouve bate-me...eh eh eh)
Beijinho para as duas, beijos e abraços para todos, beijinho à Benedita, e outro à Rosa Maria...pro da culinaria, surfista aprendiz e navegante pelos poemas de Vinicios.
Beijinho grande para a tua Mãe (porque Mãe é sempre Mãe e com letra grande) e um beijinho muito grande para ti Maria
Tiago
devias continuar com este blog, ainda tenho o vício de consultar diariamente... :)
Adorei o blog...
beijinhos
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