segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Está a chegar a hora...

Foi com o cair do dia que nos apercebemos que tudo estava a chegar ao fim. Que era hora de partir, de deixar tudo para trás e regressar. Pensar que seria a ultima vez que faríamos aquele caminho, ou que veríamos aquela pessoa tornou-nos nostálgicas.

Estes últimos dias foram como já dissemos no post anterior, uma ânsia de tentar fazer e viver tudo intensamente. As dores nas costas passaram ao fim de dois dias, mas com muito repouso e sem surfar.

Foi com cautela, que sexta-feira fomos para a praia Mole. Nada de anormal, apenas um simpático peixe com cara de cão que apanhava banhos de sol na areia. Todo o seu corpo era revestido com imensos picos bastante afiados que ao tocar num pé alheio, causava com certeza graves consequências! Além desta companhia fomos surpreendidas pela Patrícia, minha amiga do Porto e as amigas que acabavam de chegar do Rio de Janeiro. Uma surpresa que originou muita conversa e combinações para os próximos dias.



Depois do dia de praia bem aproveitado, viemos para casa e fomos jantar ao Shopping Iguatemi com a Nádia. Nada de compras mas uma amizade inesperada. Ao virmos embora, não resistimos a tirar a típica fotografia com o Papai-Noel. Até aqui tudo bem. Contudo, esse senhor de barbas verdadeiras era uma autêntica réplica do mesmo e até era casado com a Mamãe-Noel mais querida de sempre! Receberam-nos com abraços e beijinhos, tinham família em Bragança, e enquanto falavam não largavam as nossas mãos! Muito carinhosos, criou-se rapidamente uma grande empatia e até nos queriam convidar para irmos jantar a casa deles! Não deu porque estavam muito ocupados por nestes dias. Foi muito estranho pois parecia que já conhecia aqueles senhores de algum lugar!

Sábado.

Praia Mole novamente. Embora estivesse sol e muito calor, saímos mais cedo da praia para ir visitar a igreja da Nossa Senhora da Conceição. Ficava no cimo do nosso morro e a subida era quase a pique. Quando lá chegamos deparamo-nos com um casamento que estava quase a terminar. Vestidas nada próprias para entrar num recinto religioso, aguardamos receosas cá fora. Foi então que uma voz nos disse: "Deus não olha à roupa mas sim ao coração".

O nome dela era Verónica e dava a hóstia aos doentes nos hospitais. Tinha uma fé inabalável e mostrava-se muito preocupada com os problemas do seu país. Contou-nos as ultimas tragédias que tinham acontecido e falou sobre a onda de violência que se faz sentir. Não entendia o porquê de tudo isto, só dizia que faltava Deus no coração das pessoas. Talvez falte mesmo. De facto tudo aquilo nos deixou a pensar na sorte que temos em viver num país seguro...pelo menos, mais seguro. Entramos na Igreja depois da saída dos noivos e rezamos.

Alguns afazeres e era já hora de jantar. Jantamos em casa da Nádia e da Cláudia, nossas fiés companheiras de balada, e fomos para o Confraria das artes. Noite chocolate, ou seja, hip-hop e muita gente. Fila para entrar, fila para pagar, pouco espaço para dançar, mas foi muito divertido. Estava lá "toda a gente", como costumamos dizer, e foi a noite em que mais ouvimos "olha as portuguesas!", incrível.


A noite acabou tarde a o dia seguinte começava cedo. Era Gui Boratto no P12 e já tinhamos comprado ingressos. Levantamo-nos cansadas e fomos encontrar de novo as nossas companheiras no terminal. A viagem de ônibus até Jurêre revelou-se um tormento: três ônibus e quase duas horas para lá chegar.

Contudo, valeu a pena cada minuto. A festa estava inacreditável. Muita gente, bom ambiente e boa musica. Encontramos lá a patrícia, as amigas e os amigos e por lá ficamos até nos expulsarem. Quando isso aconteceu, estavamos todos esfomeados, pois não tinhamos comido nada o resto da tarde e da noite. Fomos ao clássico rodízio de pizza e a seguir, satisfeitos e muito cansados fomos dormir. Houve quem pensasse ainda ir ao Confraria...mas ficou só nas intenções.
















Ontem e hoje foram dias muito aterefados. Presentes de ultima hora, visitas e despedidas. Alugamos um carro para tudo se tornar mais simples e rápido e também para irmos visitar a Guarda do Embaú. No entanto, os planos foram desfeitos com o despertar de hoje. A chuva tinha voltado. Alteração de planos. Fomos surfar para a Barra, comer uma tigela de Açai da Joaquina, e despedirmo-nos do nosso querido Saulo. Posto isto fomos mais uma vez ao centro e tratar de outros assuntos (surpresa!).
A seguir ao jantar fomos ter com os nossos portuguesinhos que estavam na rua dos bares a comemorar os anos da Claúdia.
Era hora de dizer adeus... lágrimas, abraços, beijinhos...promessas de reencontro. Deixamos amigos e gostavamos de agradecer a todos que fizeram parte desta viagem, por tudo, por todos os momentos incriveis que passamos. Cada um tem o seu lugar no nosso coração e com certeza que não vos esqueceremos.
Foi com uma grande tristeza e nostálgia que fizemos o caminho para casa. Em silêncio, recordamos os momentos que por cá vivemos, desde o dia de chegada em que tudo era novo, até hoje onde já sentimos que pertencíamos aqui.

Por agora encontramo-nos a fazer as malas, e a tentar organizar a confusão que geramos. Temos sérias duvidas que tudo caiba na mala. Convém salientar que para além de um malão cada uma, temos uma prancha, um violão, uma mochila de computador, dois quadros, umas botas, uma mala de sapatos e as carteiras. Vai ser com certeza uma viagem atribulada. O tio Nuno vai-nos levar por volta das 9h e chegamos ao Rio de Janeiro ao 12H30. A essa hora temos o Felipe que já estará por certo, à nossa espera. Temos 7 horas para conhecer as principais atracções da cidade. Logo veremos para o que é que dá.

É com pena que escrevemos este "quase" ultimo post. Vamos ter saudades de tudo isto também. Apesar do trabalho que ás vezes dava, foi bom poder partilhar com todos a experiência que por cá vivemos. Adoramos os comentários, os mimos e os elogios. Um muito obrigada a todos.

Não podemos esquecer os donos da pousada que foram uns autênticos pais para nós. Sempre preocupados connosco e com o nosso bem-estar, foram uma familia durante a estadia. Na fotografia falta a Missy, a nossa melhor amiga gata, que mal acordavamos de manhã vinha directa para o nosso quarto e o Gustavo, filho do João. Um muito obrigada também, vamos ter saudades.

EPISÓDIOS POR CONTAR

(Parte I)

Por razões óbvias de não preocuparmos os nossos familiares e amigos, resolvemos omitir alguns precalços que partilhamos agora que estamos fora de perigo.

O mais importante de todos foi na vinda da Foz do Iguaçu. Era de noite e a camioneta ia pouco cheia. Resolvemos sentarmo-nos nos bancos do fim, uma de cada lado, para podermos estar mais à vontade. Os cinco bancos à nossa frente estavam vagos. Era já meia-noite quando sentimos a camioneta parar. Sem percebermos o porquê continuamos distraídas a ouvir musica a conversar. Nisto vimos um rapaz de mais ou menos vinte anos a dirigir-se rapidamente para o banco da frente da Teresinha. Sem compreendermos o motivos, não demos muita importância. De repente, entram três policiais militares, armados e vêm na nossa direcção. Um para mim outro para a Teresinha. Pedem-nos para abrirmos as mochilas e revistam tudo. Eram soutiens, cuecas, top, enfim, tudo espalhado. Eu na brincadeira ainda comentei inocentemente com a Teresinha: "vais presa", quando digo isto ele olha para mim com um olhar que não vou esquecer, frio e mau.

Percebemos então, que algo de sério se passava. Pediram-nos os passaportes e perguntaram se vinhamos do Paraguai. Respondemos que não e imediatamente deixaram-nos em paz e dirigiram-se para o tal rapaz sentado na frente da Teresinha. Fizeram-lhe algumas perguntas que não conseguimos ouvir e o rapaz levantou-se. Aí ouvimos uma frase que não vamos esquecer: "Está quente...está com medinho está?". O rapaz estava com um olhar de pânico e foi quando o policial lhe pôs a mão dentro das calças que percebemos o porquê. Tinha uma arma, carregada e preparada para disparar a quem se atravessasse no seu caminho.

Em seguida, algemaram-no e levaram-no lá para fora juntamente com os seus pertences. E foi quando começaram a abrir a mochila que tudo fez sentido: 8 kg de cocaína. Era traficante. Com certeza que era novato, pois encontrava-se apavorado.

Era ele e nós que só pensavamos que poderia ter feito de uma de nós refém. Graças a Deus tudo não passou de um susto. Agora percebem, porque não queríamos ir de camioneta para o Rio...mas vamos de avião amanhã!

Muitos beijinhos e em breve haverão actualizações destes episódios.

6 comentários:

Anónimo disse...

Marias, já vi que apesar do surf não ter corrido bem a diversão compensou. O susto era escusado mas acabou tudo bem. Façam uma boa viagem e já sabem que estamos aqui à vossa espera!

Anónimo disse...

Foi um êxito: a viagem e o blog. Estamos todos de parabéns: a Maria que tão sensata e sabiamente o geriu (e isto de escrever num blog é como trabalhar num circo sem rede), e todos os que com os seus comentários contribuíram para que este blog tivesse ao longo destes dois meses uma dinâmica divertida, saudável, interessante, sensível e até romântica, sem se tornar vulgar, descabido ou viperino: Para todos esses um aplauso. Desejo-vos uma boa viagem de regresso. Bjs.Tété

Anónimo disse...

olaaa!! boa viagem de regresso...sexta vou a foz so pa t dar um beijinho..hehe=) e pa contares o resto das novidades!!

beijo enorme c saudade;) Su

Tiago disse...

“Foi assim
Como ver o mar
A primeira vez
Que meus olhos
Se viram no seu olhar

Não tive a intenção
De me apaixonar
Mera distração e já era
Momento de se gostar

Quando eu dei por mim
Nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu
Dentro do seu olhar(…)”
(todo azul do mar/Flávio Venturini & Reinaldo Bastos)

É verdade foi mesmo assim, encontrei a vossa viagem por mero acaso, mas em boa hora aconteceu e na hora fiquei apaixonado e rendido às aventuras e desventuras das duas, não haja duvida que deus sabe o que faz e nos guia por essa vida!

Quero agradecer às duas, pelos excelentes momentos que partilharam aqui, não tinha melhor coisa para começar o dia que entrar e ler um novo relato e caso não existisse um novo post reler o ou os existentes era a solução para a boa disposição chegar e ficar preparado para começar mais um dia.

Se ao mesmo tempo fico feliz por terem voltado, pois estão com a família e amigos, tenho pena pois isso significa o terminar deste blogg, que eu ao longo de quase dois meses visitei e que tanto gostei.

Quero agradecer às Teresinha e à Maria que são as personagens principais desta “história” mas não quero deixar de agradecer às mães, Avós e todos os amigos e amigas, primos e primas das protagonistas, pela “adoção” ou tolerância, (uma vez que eu sou o único de fora), pela alegria, pelas brincadeiras de todos, enfim por tudo.

Espero que tenham chegado bem, não consegui dar atenção merecida, mas este final de ano tem sido um pouco atribulado e para a melhorar a reta final, foram as prendas, os cartões de boas festas, onde tudo junto veio mesmo dificultar as minhas vindas aqui, com calma suficiente para ir deixar mais comentários, comentários esses mais que merecidos pelas duas

Benedita, agradeço as tuas palavras, mas eu só disse aquilo que sinto e penso. Tenho a certeza que quem convive com a Maria é de facto uma pessoa privilegiada, tem pessoas que nos acrescentam algo de bom e os que nada nos trazem, a Maria é sem duvida das que nos trás algo sempre de muito positivo e bom, será como o vento que leva a pluma do Tom Jobim sem parar…tenho também a certeza que quem tem a sorte de conviver com todos aqueles que por aqui passaram são pessoas bafejadas pela sorte. Obrigado pelas tuas palavras.

“A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar(..)”
(Felicidade/Tom Jobim)

Rosa Maria… do surf eu não vi, da navegação pelos poemas de Vinicius de Morais eu acho que correram bem, quanto à arte da culinária só tenho pena nunca ter tido a possibilidade de experimentar, quem sabe um dia…Rosa, Brasil, viagem, tudo isto faz-me lembrar o filme, Páteo das Cantigas, filme português dos anos 40, onde existia uma personagem que era a D.Rosa, que tinha uma filha a viver no Brasil, país onde tinha feito sucesso no mundo da musica, a D. Rosa era disputada pelo Evaristo (António Silva) e Narciso (Vasco Santana). A filha da D.Rosa chega ao Páteo das cantigas numa altura que a sua Mãe estava a trabalhar, segue-se uma corrida desenfreada para ver quem a conseguia avisar primeiro a chegada da sua filha, Vasco Santana envia um pombo correio, Evaristo (tens cá disto) utiliza o telefone, engenhocas o rádio, o Russo tenta a avisar através de um telegrama e o Carlos “contrata” um miúdo para levar o recado à D. Rosa (fica aqui um link para quem quiser recordar)
http://www.aminharadio.com/radio/node/1499/play

Quem será que conseguiu avisar a Rosa Maria, surfista, poeta e profissional nas artes da culinária que a Maria e a Teresinha chegaram…eu infelizmente não pode ser, pois nem sabia quando iriam chegar, porque se não fosses este “ligeiro/grande” contratempo, além de a avisar teria levado com todo o prazer até ao aeroporto.

Não sei onde a encontrar outra vez mas como “Deus escreve direito por linhas tortas”, tenho esperanças que apesar do blog terminar algo aconteça para que consiga “estar” novamente com todos.

“Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho”
(Wave/Tom Jobim)

Teresinha e Maria tudo de bom para as duas e um 2009 repleto de tudo aquilo que mais desejam!!

Mais uma vez obrigado Maria um óptimo 2009 para ti.
BOM ANO DE 2009 PARA TODOS!!!
Tiago

Anónimo disse...

Tiago os seus comentários são sempre assertivos, lucidos e de uma enorme sensibilidade. Acho que o blog ganhou imenso com as suas intervenções. Você é um enigma. (De uma leitora atenta.)

Anónimo disse...

Sem duvidas que é um prazer fazer parte do que foi a vossa viagem alucinante :D Adoro vos e tenho imensas saudades * nem vos passa... *

 

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