sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
As vencedoras!
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
We´re back!
Pois é, faz muito tempo que já não andavamos por aqui. No entanto não pensem que se livram tão facilmente de nõs!
Depois deste ultimo post, rumamos para o Rio de Janeiro. Ao recordar esse ultimo dia, tenho a sensação de já o ter vivido há muito tempo atrás.
Chegamos ao Aeroporto Internacional António Carlos Jobim por volta do 12h30. Qual não a nossa surpresa quando ao chegar tudo estava ás escuras. Não se via rigorosamente nada! Houve um problema e toda a electricidade foi cortada. As pessoas reclamavam, os velhinhos mal se deslocavam, os tapetes das malas estavam parados e as unicas luzes que se viam eram as dos telemoveis. Instalou-se rapidamente o pânico e foi-nos dito por uma hospedeira, cuja cara nem conseguiamos ver, que iria demorar algum tempo até se restaurar a normalidade.
Por sorte, as nossas malas iriam directas para Portugal por isso nem nos tivemos que preocupar.
Deixamos toda aquela confusão e fomos procurar o Felipe.
A minha história com o Felipe é muito engraçada. Conhecemo-nos à noite no Bazaar. Ele achou que eu tinha cara de surfista e veio falar comigo perguntando se eu surfava. Houve uma empatia entre nós e rapidamente ficamos amigos. Por fim, chegamos à conclusão que, por coincidência, iríamos participar do mesmo campeonato de surf! Depois dessa noite nunca mais nos vimos. Foi então que, estando eu no Dromedário em Sagres a admirar uns "bailarinos" que se exibiam em cima do balcão, olho para o lado e deparo-me com o Felipe, que me disse com um ar meio envergonhado: "são meus amigos!!". Rimos muito, e ficamos admirados com a coincidência de nos encontrarmos ali. Os dias seguintes foram passados na Ponta Ruiva e entre muitas surfadas e conversas a amizade foi se enraizando. Viemos juntos para o Porto numa viagem muito louca.
Voltando ao Rio de Janeiro, depois de encontrarmos o Felipe no meio da escuridão e de irmos ao quarto de banho (tarefa muito díficil, visto que era completamente ás escuras), fomos conhecer o Rio em quatro horas.
O aeroporto ainda era longe de tudo e com o trãnsito tudo ficou mais dificil. Primeira paragem: Pão-de-açucar.
O tempo está nublado mas mesmo assim a beleza daquela cidade deixou-nos boquiabertas. Encontramos várias semelhanças com a arquitectonica portuguesa e ficamos sensibilizadas com a pobreza que se vivia por lá. Nos semáforos havia sempre alguém a vender qualquer coisa ou a fazer alguma habilidade, assim como nas filas de trânsito. As favelas gigantes, davam um toque muito pessoal à cidade, muito embora, triste. Apercebemo-nos então que Floripa é de facto um mundo à parte.
Ao chegarmos ao Pão de Açucar, não queríamos acreditar...45 reais para subir! Que abuso! Estavamos lisas. Fim de viagem levou-nos ao desvario e nem nos lembramos que tinhamos que guardar algum dinheiro para isto. O Felipe ainda se ofereceu para nos emprestar, mas achamos melhor não. O tempo da subida e descida era de quase 2h. Não nos ia restar tempo para mais nada. Como o tempo não estava bom o ideal para ver a vista optamos por conhecer mais um pouco da cidade maravilhosa.
Passear no calçadão, beber água de côco. Ipanema, Copacabana. Sentiamo-nos nas novelas da Globo, com um pequeno senão..o perigo dos assaltos. Tinhamos de estar sempre alerta e nada de andar com ares de turistas. Posto isto e cada vez com menos tempo, fomos almoçar a um restaurante perto da PUC, umas das universidades melhores do Brasil. Enorme! Almoçamos um PF - tradução - prato feito maravilhoso! Estavamos esfomeados, comemos como se não houvesse amanhã e a um ritmo incrivel. Saimos rapidamente e ao olharmos para as horas chegamos á conclusão que não dava para mais nada. O medo de apanharmos trânsito e de perder o avião falou mais alto fomos para o aeroporto.
Check-in feito, siga para as compras gastar os ultimos reais nas lojas tipicas dos aeroportos. Chocolates, bolachas, presentes de ultima horas, enfim, de tudo um pouco. O Felipe com muita paciência lá nos aturou de um lado para o outro sempre com as suas gracinhas! Obrigada por tudo Felipe! Foi tudo muito rápido mas valeu a pena.
21h estavamos de novo dentro do avião já com uma hora e meia de atraso. Esperava-nos uma viagem de nove horas e muitos filmes.
O cansaço acumulado e a tristeza de partir fez-nos adormecer mais depressa do que esperavamos. Quando acordamos, apenas faltavam quarenta minutos para a chegada! Passou a voar! Já mais perto e ouvindo atentas a voz do comandante, julgamos escutar: "temperatura exterior 3 graus". Olhamos uma para a outra e perguntamos quase em simultaneo: "Ouvimos bem? Que gelo!!!" Não tinhamos noção sequer do que era esse tipo de frio. De top e com muita tralha saímos da tipica porta que me faz sempre lembrar aqueles concursos onde o concorrente surge de uma porta e está tudo a espera! Os nossos pais e os meus avós e a Rosa Maria correram a abraçar-nos. Berros, beijos, abraços. "Finalmente!!Sãs e salvas!!" - exclamavam eles.
Estavamos de novo nos seus braços, onde nos sentem seguras.
As chegadas são sempre muito parecidas. Ouve-se aquele constante "conta conta" e contam-se então as histórias pela milésima vez. Reencontrar amigos, dormir na nossa caminha, ver televisão portuguesa, tomar o nosso leite. Coisas do dia-a-dia que normalmente não damos valor mas que adquirem um sabor especial nestas alturas.
Passou-se o Natal e estavamos de novo na estrada. É verdade, ninguém nos pára! Destino: Sagres! A nossa aldeia. Uma paragem em Lisboa e lá estavamos nós de volta aquela que nos acolheu durante os longos dias de Verão. Como sentimos falta de tudo aquilo...! Do restaurante, das pessoas, das prais, das ondas, dos bares, das loucuras, do cheiro tão tipico que nos prende de uma forma que não sei explicar. Como é bom estar de volta aquele lugar..repleto de boas recordações e de sentimentos que permanecerão a vida toda. Marcaram uma época, uma fase tão boa das nossas vidas. Fase onde crescemos, aprendemos e vivemos.
Enfim...cá estou agora na cama. Com uma botija e um edredon de penas recordo tudo o que passei. Visitar o blog leva-me de volta..e como queria estar de volta.
Hoje surfei a primeira vez no Porto...o frio era tanto que nem conseguia falar. Os pés e as mãos não tinham circulação e a cabeça doia-me...perguntava-me constantemente..o que é isto? O que faço eu aqui? Sem explicação..Contudo, sei que tudo tem de acabar um dia e que o tempo apaga tudo. Vai apagar como me sinto agora... com uma vontade inexplicável de regressar.
P.S- Queremos agradecer ao Tiago pelas palavras tão bonitas que nos deixou, e por dar um toque especial a este blog. Obrigada por tudo. É bom saber que conseguiamos tornar o teu dia melhor, na verdade também tornavas o nosso! Um bom ano para ti e muito obrigada!
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Está a chegar a hora...
Foi com o cair do dia que nos apercebemos que tudo estava a chegar ao fim. Que era hora de partir, de deixar tudo para trás e regressar. Pensar que seria a ultima vez que faríamos aquele caminho, ou que veríamos aquela pessoa tornou-nos nostálgicas.
Estes últimos dias foram como já dissemos no post anterior, uma ânsia de tentar fazer e viver tudo intensamente. As dores nas costas passaram ao fim de dois dias, mas com muito repouso e sem surfar.
Foi com cautela, que sexta-feira fomos para a praia Mole. Nada de anormal, apenas um simpático peixe com cara de cão que apanhava banhos de sol na areia. Todo o seu corpo era revestido com imensos picos bastante afiados que ao tocar num pé alheio, causava com certeza graves consequências! Além desta companhia fomos surpreendidas pela Patrícia, minha amiga do Porto e as amigas que acabavam de chegar do Rio de Janeiro. Uma surpresa que originou muita conversa e combinações para os próximos dias.
Depois do dia de praia bem aproveitado, viemos para casa e fomos jantar ao Shopping Iguatemi com a Nádia. Nada de compras mas uma amizade inesperada. Ao virmos embora, não resistimos a tirar a típica fotografia com o Papai-Noel. Até aqui tudo bem. Contudo, esse senhor de barbas verdadeiras era uma autêntica réplica do mesmo e até era casado com a Mamãe-Noel mais querida de sempre! Receberam-nos com abraços e beijinhos, tinham família em Bragança, e enquanto falavam não largavam as nossas mãos! Muito carinhosos, criou-se rapidamente uma grande empatia e até nos queriam convidar para irmos jantar a casa deles! Não deu porque estavam muito ocupados por nestes dias. Foi muito estranho pois parecia que já conhecia aqueles senhores de algum lugar!
Sábado.
Praia Mole novamente. Embora estivesse sol e muito calor, saímos mais cedo da praia para ir visitar a igreja da Nossa Senhora da Conceição. Ficava no cimo do nosso morro e a subida era quase a pique. Quando lá chegamos deparamo-nos com um casamento que estava quase a terminar. Vestidas nada próprias para entrar num recinto religioso, aguardamos receosas cá fora. Foi então que uma voz nos disse: "Deus não olha à roupa mas sim ao coração".
O nome dela era Verónica e dava a hóstia aos doentes nos hospitais. Tinha uma fé inabalável e mostrava-se muito preocupada com os problemas do seu país. Contou-nos as ultimas tragédias que tinham acontecido e falou sobre a onda de violência que se faz sentir. Não entendia o porquê de tudo isto, só dizia que faltava Deus no coração das pessoas. Talvez falte mesmo. De facto tudo aquilo nos deixou a pensar na sorte que temos em viver num país seguro...pelo menos, mais seguro. Entramos na Igreja depois da saída dos noivos e rezamos.
Alguns afazeres e era já hora de jantar. Jantamos em casa da Nádia e da Cláudia, nossas fiés companheiras de balada, e fomos para o Confraria das artes. Noite chocolate, ou seja, hip-hop e muita gente. Fila para entrar, fila para pagar, pouco espaço para dançar, mas foi muito divertido. Estava lá "toda a gente", como costumamos dizer, e foi a noite em que mais ouvimos "olha as portuguesas!", incrível.
Contudo, valeu a pena cada minuto. A festa estava inacreditável. Muita gente, bom ambiente e boa musica. Encontramos lá a patrícia, as amigas e os amigos e por lá ficamos até nos expulsarem. Quando isso aconteceu, estavamos todos esfomeados, pois não tinhamos comido nada o resto da tarde e da noite. Fomos ao clássico rodízio de pizza e a seguir, satisfeitos e muito cansados fomos dormir. Houve quem pensasse ainda ir ao Confraria...mas ficou só nas intenções.
Por agora encontramo-nos a fazer as malas, e a tentar organizar a confusão que geramos. Temos sérias duvidas que tudo caiba na mala. Convém salientar que para além de um malão cada uma, temos uma prancha, um violão, uma mochila de computador, dois quadros, umas botas, uma mala de sapatos e as carteiras. Vai ser com certeza uma viagem atribulada. O tio Nuno vai-nos levar por volta das 9h e chegamos ao Rio de Janeiro ao 12H30. A essa hora temos o Felipe que já estará por certo, à nossa espera. Temos 7 horas para conhecer as principais atracções da cidade. Logo veremos para o que é que dá.
É com pena que escrevemos este "quase" ultimo post. Vamos ter saudades de tudo isto também. Apesar do trabalho que ás vezes dava, foi bom poder partilhar com todos a experiência que por cá vivemos. Adoramos os comentários, os mimos e os elogios. Um muito obrigada a todos.
Não podemos esquecer os donos da pousada que foram uns autênticos pais para nós. Sempre preocupados connosco e com o nosso bem-estar, foram uma familia durante a estadia. Na fotografia falta a Missy, a nossa melhor amiga gata, que mal acordavamos de manhã vinha directa para o nosso quarto e o Gustavo, filho do João. Um muito obrigada também, vamos ter saudades.
EPISÓDIOS POR CONTAR
(Parte I)
Por razões óbvias de não preocuparmos os nossos familiares e amigos, resolvemos omitir alguns precalços que partilhamos agora que estamos fora de perigo.
O mais importante de todos foi na vinda da Foz do Iguaçu. Era de noite e a camioneta ia pouco cheia. Resolvemos sentarmo-nos nos bancos do fim, uma de cada lado, para podermos estar mais à vontade. Os cinco bancos à nossa frente estavam vagos. Era já meia-noite quando sentimos a camioneta parar. Sem percebermos o porquê continuamos distraídas a ouvir musica a conversar. Nisto vimos um rapaz de mais ou menos vinte anos a dirigir-se rapidamente para o banco da frente da Teresinha. Sem compreendermos o motivos, não demos muita importância. De repente, entram três policiais militares, armados e vêm na nossa direcção. Um para mim outro para a Teresinha. Pedem-nos para abrirmos as mochilas e revistam tudo. Eram soutiens, cuecas, top, enfim, tudo espalhado. Eu na brincadeira ainda comentei inocentemente com a Teresinha: "vais presa", quando digo isto ele olha para mim com um olhar que não vou esquecer, frio e mau.
Percebemos então, que algo de sério se passava. Pediram-nos os passaportes e perguntaram se vinhamos do Paraguai. Respondemos que não e imediatamente deixaram-nos em paz e dirigiram-se para o tal rapaz sentado na frente da Teresinha. Fizeram-lhe algumas perguntas que não conseguimos ouvir e o rapaz levantou-se. Aí ouvimos uma frase que não vamos esquecer: "Está quente...está com medinho está?". O rapaz estava com um olhar de pânico e foi quando o policial lhe pôs a mão dentro das calças que percebemos o porquê. Tinha uma arma, carregada e preparada para disparar a quem se atravessasse no seu caminho.
Em seguida, algemaram-no e levaram-no lá para fora juntamente com os seus pertences. E foi quando começaram a abrir a mochila que tudo fez sentido: 8 kg de cocaína. Era traficante. Com certeza que era novato, pois encontrava-se apavorado.
Era ele e nós que só pensavamos que poderia ter feito de uma de nós refém. Graças a Deus tudo não passou de um susto. Agora percebem, porque não queríamos ir de camioneta para o Rio...mas vamos de avião amanhã!
Muitos beijinhos e em breve haverão actualizações destes episódios.
sábado, 13 de dezembro de 2008
Passatempo Nikita
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Lost and found!
Acharam que tinhamos desaparecido não foi? Pois, mas foi tudo falta de tempo! Os ultimos dias são neste momento marcados por uma fome de viver e de visitar tudo o que não vivemos e visitamos!
Segunda-feira foi mais um dia de praia, igual a tantos outros que iremos sentir muitas saudades. Fica dificil pensar que está quase na hora da partida. Deixar as areias, as festas, os amigos, as caras de todos os dias. Todos os lugares que vamos, já somos tratadas pelo nome, já sabem as nossas preferências, o que vamos comer, etc.
A meio da tarde, as nuvens apareceram e mandaram-nos mais cedo para casa. No entanto, também já estava na hora pois tinhamos a festa de despedida do João que vai fazer uma viagem pela América do Sul. É dificil ver os amigos partir...
Fomos jantar todos ao rodízio de pizza no Canto da Lagoa. Comemos alarvemente, mais uma vez, mas também pagamos uma conta...não muito simpática. Contudo valeu cada centavo, conversamos e rimos muito. Ainda fomos tomar um choop ao Boteco da Ilha e depois foi a hora do adeus. Muitos abraços e promessas de visitas ao Porto. A verdade é que é mesmo um até já, pois o João estará de volta a terras lusas já em Fevereiro. Boa viagem Jony e boas ondas!
Terça-feira era dia de Lagoinha do Leste. Esse lugar mágico e obrigatório de que todos falam. Ouviam-se rumores de uma trilha dificil de uma hora..no entanto, dificil é um adejctivo muito simpático para o que aquio na realidade era. Cobras, mosquitos, aranhas, lama, pedras, arvoredo, subidas intermináveis e descidas muito íngremes. Com o sol a atestar foi realmente um teste à sobrevivência.
Eramos cinco: nós as duas, a Nádia, o Ryan (um americano)e o Piu. Os rapazes iam à frente para pelo menos nos avisarem dos perigos constantes, enquanto nós seguiamos em pânico e tentando acompanhar o ritmo deles.
Foi bem no início que fomos avisadas pelo Ryan numa voz bem calma:" Be carefull a snake!" - Gritos e mais gritos. Já só queriamos voltar para trás. Contudo estavamos no meio do caminho, ou seja, do meio dos 2,5km de trilha. Durante tudo isto, a cobra fugiu e passamos a correr por onde antes ela relaxava ao sol. Depois, desidratados, paramos para beber água e decidir sobre o que fazer.
Nestes instantes parados, os mosquitos atacavam-nos de uma forma que eu nunca vi antes. Eram picadas atrás de picadas e alguns com um tamanho absurdo. Matei um no meu braço que saiu tanto sangue que mais parecia que me tinha cortado.
Foi aí que a Teresinha se começou a queixar das bolhas que inchavam por todo o seu corpo. Na altura não ligamos pois devido ao tamanho dos mosquitos achamos que seria normal deixarem aquelas marcas.
Chegamos ao topo do morro. Acabaram as subidas que quase nos faziam chorar. "Agora já falta pouco e é mais fácil" - pensamos nós. Redondamente enganadas. Descer custava menos mas escorregava mais e demorava mais tempo. Pelo caminho cruzamo-nos com pessoas cujo sofrimento estava estampado na cara. Só pensavamos o que nos esperava na volta. Várias vezes pensamos em voltar para trás, em desisir mas estavamos cada vez mais perto.
Foi então que o barulho do mar se tornou mais intenso e a areia começara a aparecer no caminho...A praia. Deserta e incrivel. Parecia que estavamos numa ilha deserta e completamente inexplorada.
Foi tempo de irmos à água, e tentar absorver tudo aquilo que os nossos sentidos captavam para a Teresinha se começar a queixar mais daquelas malditas bolhas. O seu corpo começara a inchar, a ficar vermelho e a dar muitos comichões. A preocupação começou a crescer e as dores a aumentarem. Sem rede no telémovel não tinhamos maneira de saber o que poderia ser aquilo nem de pedir socorro. A única solução seria de o Piu e o Ryan regressarem ao Pântano do Sul e tentarem arranjar alguma maneira de virem socorrer a Teresinha: ou de barco ou de helicóptero. Esperamos horas sem fim. Sentiamo-nos na série Lost. Deserto e distantes de tudo e todos. Pediamos ajuda a todos os que passavam, muitos casais de namorados, mas claro, nada sabiam pois a maior parte também não era dali.
Sem guarda-sol, a água começava a acabar e a temperatura a aumentar. A teresinha já sentia frio e chegou mesmo a vomitar.
Quando começamos a entrar em pânico um barulho ao fundo nos fez acordar. Avistamos um helicóptero no horizante. Não queríamos acreditar. "Será mesmo para nós???". Rimos sem parar com uma sensação de alívio gigante.
Aterraram bem do nosso lado e saíram dois bombeiros e um enfermeiro. Tranquilizaram-nos de imediato, dizendo que não era nada de grave, apenas uma reacção alérgica. Deram-lhe uma injecção de cortisona e queriam que ela voltasse de novo pela trilha. Impensável. Reclamamos e lá chegamos a um acordo: levariam só a Teresinha.
Ficamos então eu a Nádia, 3 pranchas e 3 mochilas. E agora? Era totalmente impossivel fazer a trilha com tudo aquilo.
Por sorte, uma família brincava bem perto e ajudaram-nos. Eram 15h. Hora de maior calor. Foi um desafio muito grande juro. As forças faltavam-me. É nestas alturas que se pensa em tudo e que nos passa muita coisa pela cabeça. A meio recebemos um telefonema dos rapazes a dizerem que viram três cobras na volta, para termos cuidado.
A minha cabeça já nem pensava. O olhar da Nádia implorava que tudo aquilo acabasse. Suava por todos os lados. É nestas alturas que uma pessoa se sente corajosa e que se sente o instinto de sobrevivência a vir ao de cima.
Depois de todo este sofrimento...avistamos a estrada, o cimento, as casas...o paraíso.
A Teresinha já se encontrava bastante melhor mas tudo o que queriamos naquele momento era a nossa casa, a nossa cama. As minhas pernas inchadas, reclamavam descanso urgente.
Na viagem de regresso, todos vinhamos muito calados, alguns mesmo a dormir. Foi neste silêncio que ouvimos uma voz: "Maria?" - era o Ico Jervell no meio de um ônibus no sul da ilha. A vida é mesmo feita de coincidências e o mundo é uma aldeia. Ficamos estupefactos com tudo aquilo. Porém foi tudo muito breve pois ele tinha de apanhar um ônibus para o centro e no dia seguinte ia para Portugal. Deixamo-vos aqui um video, de umas brincadeiras de quem já não sabe o que fazer numa ilha deserta.
Chegadas a casa sãs e salvas adormecemos bem cedo. O cansaço era tal que nem nos permitia falar. Dormimos quase doze horas.
Acordamos cedo com um tempo encoberto mas muito abafado. Aproveitamos para ir ao centro com a Nádia e a Cláudia...para as compras claro! Temos de aproveitar os dias menos bons para tratar dos presentinhos! Uma autêntica maratona no meio de muita gente. A azáfama do Natal já se nota por cá, assim como os enfeites lindos!!
Chegamos a casa e preparamo-nos para ir jantar a casa delas. Seguiu-se um jantar divinal feito pela Nádia e uma ida ao confraria das artes. Dançamos e rimos muito, na verdade até não podermos mais.
Voltamos para casa todos juntos a pé e dormimos em paz até ao dia seguinte.
Hoje acordamos para um dia não e era a minha vez.
Ao abrir os olhos e tentar olhar para a Teresinha ouvi um estalar absurdo no meu pescoço. A partir daí as dores tornaram-se insuportáveis fazendo as minhas lágrimas cair.
Ao mexer o braço e a perna direita sentia dores inacreditáveis no pescoço e na nuca.
A Teresinha ainda meia adormecida não estava a perceber o que se estava a passar. Eu mal conseguia falar.
Chamou o João da pousada que ligou para o Hospital a perguntar o que poderia ser. Era tudo muscular por isso estava fora de perigo.
Muito repouso, anti-inflamatório, relaxamento muscular, massagem e emplastros. Dia todo em casa.
Claro que a teresinha me mimou com muita comidinha boa e ainda tivemos uma visita da Nádia, Cláudia e Junior! Um dia muito chato por cá.
Agora ainda me encontro com muitas dores mas com esperanças de amanhã estar melhor!
Vamos jantar à pousada do Caio que é ao lado da nossa mas vimos imediatamente para casa depois. Só vamos lá mesmo porque ele vai cozinhar um peixe..e faz séculos que não comemos!
Por hoje é tudo...esperamos amanhã voltar com novidades mais positivas!
Um beijinho para todos